Com R$ 14 milhões de repasses atrasados, Barra do Garças devolverá hospital ao Estado
A insuficiência de recursos para cobrir as despesas de média e alta complexidade e uma dívida de R$ 14 milhões acumulada entre os anos de 2013 a 2019, levará a Prefeitura de Barra do Garças a tomada de uma medida drástica: a devolução do Hospital e Pronto Socorro Milton Pessoa Morbeck ao Governo do Estado.
O documento assinado pelo prefeito Roberto Farias foi lido na sessão ordinária da Câmara nessa segunda-feira (11). No ofício, o prefeito apresentou números que inviabilizam a gestão do hospital pelo município. O Estado terá o prazo de cinco dias para quitar a dívida com a Prefeitura ou então assumirá em definitivo a administração da estrutura.
De acordo com os números apresentados pelo prefeito Roberto Farias, a Prefeitura de Barra do Garças não tem mais nenhuma condição de continuar bancando as despesas de responsabilidade do Estado com recursos do município. Somente em 2018 e início de 2019, o Fundo Municipal de Saúde deixou de receber R$ 8 milhões para a média e alta complexidade, referente ao repasse de R$ 800 mil/mês.
A devolução do Hospital e Pronto Socorro Milton Morbeck ao Estado é a única saída para que o município de Barra do Garças não vá a falência total, com a paralisação total de outros setores. A Prefeitura vem aplicando cerca de 52% de sua receita na estrutura sem, contudo, receber a contrapartida do governo estadual.
Além de custear todas as despesas, a Prefeitura mantém também pacientes de 30 municípios de Mato Grosso e cerca de 10 de Goiás, que são internados diariamente sem nenhuma despesa da origem. A situação está afetando também o funcionamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), outra grande estrutura custeada pelo município.
O ofício lido na sessão da Câmara foi encaminhado também ao secretário de Saúde do Estado, Gilberto Figueiredo e será protocolado também no Palácio Paiaguás, ao governador Mauro Mendes para que tome ciência da decisão de Barra do Garças em entregar o hospital pela falta de recursos. Na Câmara, os 15 vereadores apoiaram a medida do prefeito.
A disposição de devolver a estrutura hospitalar ao Estado vinha sendo analisada já alguns meses e chegou ao extrema diante dos constantes atrasos do Governo passado e a continuidade do atual, agravando ainda mais a situação que chegou ao insustentável.