Casa de Davi pode dar lugar a instituto voltado a surdos e cadeirantes
Na última sessão, na Câmara Municipal de Barra do Garças, segunda-feira (14/08) representantes do Instituto de País e Amigos dos Surdos do Vale do Araguaia (Ipasva) estiveram pedindo o apoio da casa para viabilizar o espaço físico do Ipasva. Com o objetivo de impulsionar a representatividade dos não ouvintes, reativado, o instituto deve incluir também em suas pautas as reivindicações dos cadeirantes no município.
Buscando reivindicar demandas de acessibilidade, a comunidade surda de Barra e região reativaram o Ipasva. Segundo a intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) Tatiane da Silva Campos, o instituto dará a guinada que o município precisa, investindo em ações específicas para a comunidade de não ouvintes, como campanhas, palestras e seminários.
O Ipasva definiu a diretoria recentemente, tendo a intérprete Katiane de Almeida Melo como presidente e o não ouvinte Wesley Borges Carvalho, como vice-presidente. Eles buscam agora, junto a prefeitura de Barra do Garças, um espaço físico para se instalarem. Na Câmara, a presidência pediu que fosse aprovado um projeto para a ajuda no custeio das despesas da instalação e manutenção do espaço. Por enquanto, o local cotado para receber o Ipasva é a antiga Casa de Davi. O legislativo se comprometeu a colocar um projeto em votação.
O instituto vai suprir uma infinidade de carências que Barra do Garças apresenta quanto a acessibilidade a não ouvintes, entre as quais o investimento em cursos de Libras para surdos que ainda não tiveram contato com a língua de sinais. Segundo Wesley, esse é um dos problemas que tem preocupado a comunidade surda do município.
“Alguns surdos estão escondidos. Eles sentem vergonha de fazer parte da sociedade e se comunicam através da oralidade”, aponta Wesley. A legislação nacional diz que o surdo deve ter acesso à Libras, mas nos municípios a realidade é outra.
Na rede de ensino pública do município, atualmente, não existe intérprete ou professor de Libras para acompanhar ou dar aulas da língua de sinais aos alunos. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, o profissional intérprete é ofertado apenas quando um surdo está matriculado. Esse profissional faz acompanhamento do aluno dentro e fora de sala de aula, nos outros momentos na escola, mas não existe o ensino de Libras para não ouvintes que ainda não tiveram o contato com a língua.
Outras instituições públicas ou privadas que prestam serviços públicos também necessitam da disposição de intérpretes. Mesmo com o aparato legislativo nacional que garante esses direitos, em Barra do Garças e em outros municípios ainda faltam profissionais intérpretes nos hospitais, nos bancos, nas escolas, entre outras.
Portanto, uma das causas que o Ipasva também deve abraçar é a aprovação de lei municipal para garantir acesso dos surdos a intérpretes.
Além da luta pelo direito de falar, a preocupação do instituto é investir em informação para que os surdos sejam enxergados como pessoas normais, como qualquer outra, que apenas tem uma “limitação na comunicação”. “A única diferença é a comunicação. É quase como se nós tivéssemos um americano visitando Barra do Garças”, destaca Tatiane.
Outra demanda que o Ipasva irá defender é a acessibilidade às pessoas cadeirantes. Na Câmara, os representantes do instituto e o vereador Murilo Valoes (PRB) defenderam a inclusão da classe que também não tem sido amparada como se deve por Barra do Garças.