Enfermeira que atua como voluntária é exemplo de doação ao trabalho

por Rodrigo Maciel Meloni | Gcom-MT — publicado 04/08/2017 15h12, última modificação 04/08/2017 15h12
Estudos comprovam que o trabalho voluntário melhora a saúde mental e física, permite adquirir novos conhecimentos e aumenta as chances de conseguir um trabalho pago

A barra-garcense Maria de Jesus da Silva Araújo, de 58 anos, atua há mais de 30 anos como enfermeira. Desempregada, resolveu ajudar o próximo de outra maneira: atuando no trabalho voluntário. “É um trabalho maravilhoso, algo que você faz bem e que pode fazer bem a alguém, eu me coloquei à disposição da Caravana assim que soube da oportunidade,” conta Maria de Jesus.

Sorridente, simpática e alegre, ela trabalha na triagem da Caravana da Transformação, que está na 8ª edição, em Barra do Garças (515 km a Nordeste de Cuiabá). “Não tenho palavras para descrever o quão gratificante é ajudar, todos os dias eu chego aqui no centro Olímpico por volta das 4h da madrugada, e é um trabalho que realizo movida pelo amor.”

Maria de Jesus é parte de um grupo de 464 pessoas que se formaram no Curso de Voluntariado da Defesa Civil, promovido pelo Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura e com a Câmara Municipal. “É gratificante poder ajudar certas pessoas, como uma mulher que atendemos que há 18 anos não enxergava direito, e após passar pela operação voltou aqui para nos agradecer. Receber essa troca não tem preço”, diz a voluntária, que levou a nora para o curso. “Se eu pudesse, traria toda minha família”, confessa Maria, entre sorrisos e gargalhadas.

 

A mãe de família conta que teve que mudar a rotina para ajusta-la ao trabalho que exerce na Caravana. “Acordar mais cedo não é fácil, mas também não difere muito do que fazia como enfermeira, então eu acordo, cuido do café da manhã, me maquio, passo meu batom porque eu gosto de estar bem apresentável, afinal queremos receber bem as pessoas, e a aparência também conta nessa hora”, fala a enfermeira, entre um atendimento e outro.

“Meu filho me deixa aqui e eu e meus colegas iniciamos o trabalho, que vai até o final da tarde. Se é cansativo? Lógico que é, mas poder ajudar os outros é muito mais importante, e revigora a gente, é uma energia muito boa que a gente recebe dessas pessoas”, diz Maria de Jesus.

O coordenador de Mobilização dos Voluntários, coronel Márcio Paulo da Silva, explica que os voluntários foram capacitados durante um mês. “Eles são o diferencial da Caravana, a peça mais importante, e contribuem imensamente para o sucesso do trabalho, desde a hora do acolhimento dos pacientes que buscam os serviços de saúde, até o acompanhamento na saída do atendimento.”

Ele esclarece que todo o trabalho é norteado pelos princípios do serviço do voluntariado. “O amparo ao próximo, a doação integral ao serviço, a cooperação, o comprometimento, todos entenderam a importância de suas funções e estão fazendo um trabalho excepcional.”

Segundo o coordenador, nenhuma baixa foi constatada. “Nenhum dos 464 voluntários desistiu, muito pelo contrário, existem muitos que se inscreveram para trabalhar apenas um dia e que resolveram continuar, e estão vindo todos os dias.” O coronel, que também trabalha voluntariamente, ressalta que são inúmeros os benefícios do trabalho voluntário. “Estudos comprovam que ele melhora a saúde mental e física, mantém a pessoa ativa, pois em muitos casos são pessoas que estão desempregadas e que precisam de uma ocupação, oportuniza criar novas amizades, é um passatempo saudável, desenvolve habilidades que às vezes a pessoa desconhecia, permite adquirir novos conhecimentos e aumenta as chances de conseguir um trabalho pago”.

 

De acordo com uma pesquisa da Universidade de Michigan (EUA), voluntários vivem em média quatro anos mais, e com melhor qualidade de vida. “Deve ser por causa da felicidade que este trabalho traz pra gente, é muito bom ajudar o próximo, fazer os outros felizes nos faz ficar felizes também”, afirma Maria de Jesus, soltando mais uma sonora gargalhada.

Juliano Rocha, de 41 anos, não é perfil dos atendidos pelos serviços de saúde, mas procurou a Caravana para fazer a cirurgia oftalmológica de catarata. “Eu fui recebido muito bem, achei o nível de profissionalismo dos voluntários muito bom, todos foram atenciosos e sabiam exatamente o que fazer, onde me levar, não perdi tempo nem fiquei irritado. Quando procurei a Caravana, pensei que seria como ser atendido num posto de saúde, que na maioria das vezes tem atendimento que não é satisfatório, mas o trabalho dos voluntários está de parabéns”.

Trabalho voluntário

O secretário de Estado do Gabinete de Governo, José Arlindo de Oliveira, responsável por coordenar a Caravana, sempre destaca que doar um pouco do tempo e do conhecimento em benefício dos outros, sem esperar retorno financeiro, buscando apenas realização pessoal, é uma definição básica de voluntariado. “E este é um tipo de trabalho cada vez mais importante para a manutenção de ações como esta desenvolvida pelo Governo do Estado, que visa suprir demandas sociais”.

O gestor explica que o voluntariado requer envolvimento, vínculo e ações contínuas. “Nossos resultados são conquistas de médio e longo prazo, e que são construídos uma Caravana após a outra, é um trabalho que vai sendo aprimorado, e que depende muito daqueles que se doam integralmente a esta função”.